AMBEV x MONJA COEN

Não sou careta, nem ignorante, mas desde o dia em que vi e ouvi  Claudia Dias Batista de Souza, falando como Monja Coen , missionária oficial da tradição Soto Shu no Japão e a partir de agora Embaixadora de Moderação da AmBev ( ! )  sobre estimular o consumo  responsável do álcool a partir do autoconhecimento, senti que realmente estamos precisando de socorro, urgente. Desperdício total de conhecimento. E já nem sei mais para quem pedir socorro. Uma apelação tão medíocre, barata, que muita gente sem noção, aplaude como tenho visto. Um jornalista da UOL coloca o título: MONJA COHEN (com H ) pede moderação e AmBev marca golaço de publicidade! Deve ter marcado mesmo, pois criou polêmica, chamou a atenção como queria.

Mas para muitos, misturar zen budismo, monja, espiritualidade, Tao, Caminho do meio, autoconhecimento com bebida alcoólica, só pode ser por dinheiro. Só rindo. Ela deve estar muito precisada. Bebida alcoólica nunca precisou de propaganda. O que precisa é baixar os impostos destas para poder evitar o câmbio negro que está vendendo alucinado, com bebidas ordinárias, causadoras de altas ressacas e apodrecimento do fígado.  Teve um presidente aí, num passado próximo que subiu tanto os impostos de nossa bebida que ficou inviável vender honestamente. Pudera, ele bebe bem, mas nunca comprou uma garrafa si quer.

Então AmBev tem que apelar pra Monja, com milhares de seguidores fiéis que agora vão beber com autoconhecimento e moderação, só porque ela falou e é mais sagrado. Ora, qualquer pessoa, que não seja portadora da doença do alcoolismo, pode beber moderada ou fortemente, a seu modo e gosto. Desde que o mundo é mundo se faz bebida alcoólica. Álcool nunca precisou de apelo. O que acontece hoje em dia é que nunca e mais jovem, se bebeu tanto. Com propaganda ou sem. Os jovens, que estão realmente causando preocupação e espanto, não vão seguir os conselhos de uma monja por mais famosa que ela seja. As destilarias é que estão a perigo porque nunca se criou tanta marca nova.

Bom seria se a seguissem Monja e descobrissem que autoconhecimento e meditação melhora, e muito, nosso buraco existencial, nossa dor crônica de vida, o medo, a pobreza, a depressão, a injustiça, etc., etc., etc. E se seguissem esse conselho à risca , conseguiriam sim, beber por prazer e gosto.

Nós, profissionais da área, tentando ajudar os dependentes, damos um duro danado para fazer as pessoas entenderem a diferença entre bebedores normais, pesados e alcoólicos. Entender que é uma doença, que pode ser hereditária ou por costume, que estes não são fracos, mau caráter ou vagabundos. Que é muito difícil parar, que é uma doença progressiva,  onde se perde tudo, saúde, família, amor, emprego, dinheiro ou mata, enlouquece, ou morre à míngua. E acima de tudo é a doença DA NEGAÇÃO, do alcoólico e da família. Pra mim, a pior doença, porque não tem remédio, não tem caminho do meio, moderação,só tem a VONTADE que consegue levar o doente a ser radical e parar.E para quem não sabe: existe vida sem álcool !

E viva a AMBEV! Trocou as gostosas da praia pela monja careca.    

Desculpem-me, não aguentei!

–  Conselheira em Dependência Química

 stellaoca1@gmail.com

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *