MEDO, QUANTOS!

Medo, quantos!

Medo, quantos!

Por Stella Rebecchi

Quando eu era bem menina, minha mãe-bruxa falava quando eu tinha alguma previsão negativa como, ai, vou cair da bicicleta, vou ficar resfriada se fizer isso ou aquilo, não vou conseguir…, ela dizia: “ não fale assim porque um anjo pode estar passando por aqui e dizer amém “ ! Quanto conhecimento moderno ela já tinha. No caso era o anjo culpado de criar e materializar os atos dos meus pensamentos.

Até hoje penso em quantos medos criamos do nada e quantos, principalmente em criança, deixamos de ter. Riscos cometidos sem nenhuma reflexão antes, e que, só mesmo pela graça do meu Anjo da Guarda, estou inteira até hoje. Desafiei muito meu anjo.

Ao longo de minha breve vida nesta Terra, estou com 73 anos hoje, aprendi muito sobre o medo; como ele me livrou de várias ciladas e também como me limitou e me fez perder mil possibilidades Mas não vou chorar o leite derramado. Foi como  tinha que ser  na ocasião. Continuo na luta de controlar meus medos, ir eliminando-os, e conforme elimino uns aparecem outros típicos da idade!   Pelo menos agora, tenho mais consciência.

Precisamos de muitos deles. Prudência e cautela são necessários à nossa sobrevivência. Que digam nossos ancestrais que sobreviveram apavorados com as feras ao redor e “ferinhas” dentro das cavernas! São medos essenciais. Aqueles que não nos deixam pegar avião com durepoxi na asa e pneus com ferros à mostra como já me aconteceu, pular em represa com piranhas, beber até dizer chega, atravessar ruas super movimentadas  sem olhar, subir a serra com neblina de madrugada, assinar qualquer papel sem ler, abrir a porta da casa para desconhecidos, estourar o cartão de crédito, coisas banais assim.

Os medos são tantos que se deixarmos nos levar por eles, a vida perde o brilho, o sentido. E do medo vem o pânico e do pânico o terror. Dizem alguns cientistas que certos medos começam na gestação. Acredito 100%. Minha crença vem de estudos de vários cientistas, sendo o de David Boadella, criador da Biossíntese, de meu melhor entendimento. Os fetos percebem os sentimentos e emoções da mãe e do ambiente. Daí dá para entender muitas coisas.

Porém, o que temos que tentar combater é o medo atual, presente, hoje. Fico muito chateada quando ouço a frase “eu não consigo”. Consegue sim querida, mas o que falta é a vontade! Não está a fim de lutar, nem passar pelo desconforto, nem pelo desconhecido, nosso grande medo, e muito menos descobrir que você pode tudo!

Um dia parei de fumar. Mas até esse dia, posterguei o que pude com mil desculpas. Meu maior medo era de ter que passar pelo desconforto da abstinência, da desculpa de ser meu melhor companheiro das horas certas e incertas, de engordar. O medo superava os benefícios. Quando realmente resolvi, tomei uma atitude, encontrei a vontade e assim, consegui parar. Para isso fiz meu próprio programa que levou seis meses de preparação! E está dando certo até hoje, só por hoje, muitos anos!

“Enquanto não estivermos comprometidos poderá haver hesitação, a possibilidade de recuar e, sempre, a ineficácia. Em relação a todos os atos de iniciativa (e de criação) existe uma verdade elementar, cuja ignorância mata inúmeros planos e ideias esplêndidas: no momento em que, definitivamente nos comprometemos,a providência divina também se põe em movimento. Todo tipo de coisa ocorre para nos ajudar, que em outras circunstâncias nunca teria ocorrido. Todo um fluir de acontecimentos surge a nosso favor como resultado da decisão, todas as formas imprevistas de coincidências, encontros, ajuda material que nenhum homem jamais poderia ter sonhado encontrar em seu caminho. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar.A coragem contém em si o poder, o gênio e a magia!” (Johan W.von Goethe)

(Medo de adoecer, ficar sem dinheiro, medo da violência, de dívidas, do vento, da água, do fogo, etc, está na pauta diária, mas creio que o nosso maior medo é o da rejeição, da crítica, de não sermos aceitos, do abandono, de perder o poder, do ficar só, de morrer, enfim, o medo da vida. E com eles uma ansiedade cada vez maior que nos faz perder o sono e ficar rolando na cama, ou nos acordar com taquicardia no meio da madrugada, comer, beber, fumar compulsivamente, somatizar, adoecer, tomar medicamentos, achar que não tem mais jeito, que não tem saída que vai num crescendo, levando à depressão, que aí, o pensamento mais fácil é: melhor morrer logo mesmo. Atenção, estou falando sério.

Um bom treino (para mim) para melhorar essa ansiedade, está ligado aos Passos de Alcoólicos Anônimos. Estou sempre declarando que através desses passos podemos resolver a maioria das questões que nos afligem. Amo os Passos e acredito que dentro de cada um existe um Universo de conhecimento e possibilidades. Do pensamento, da reflexão à ação!

Medo, quantos!
Medo, quantos! Por Stella Rebecchi

 

                                             “Primeiro preciso admitir que: tenho medo de …  e entender que sozinha fica difícil resolver”. 

Em seguida tentar descobrir a causa de tanta ansiedade em relação a… tentar muito, muito!

Pedir ajuda de pessoas, amigos mais amadurecidos, grupos de ajuda mútua, religiosos, profissionais em psicoterapias, leitura, reflexão, silêncio. E o mais importante, pedir ajuda ao nosso Poder Superior que não nos abandona, que está à nossa disposição dia e noite, bastando acreditar Nele, descobri-Lo dentro de nós e não fora, e que podemos fazer tudo que quisermos para destruí-lo, não vamos conseguir! Ele sempre estará dentro de nosso coração, pronto para o que der e vier, aguardando-nos acordar!

E ser útil, fazer valer cada vez mais a vida que recebemos, não sermos uma simples turista em visita a este planeta. Ser útil, fazer algo primeiro por nós, depois pelo outro, por nosso em torno, por nossa Terra. E assim prosseguem Os Passos, dia a dia, passo a passo, babys steps, sem desatenção, com fé.

“Nosso medo mais profundo não é o de que sejamos inadequados. Nosso medo mais profundo é de que tenhamos poder para além do que achamos que temos. É a nossa luz, e não a nossa sombra que mais nos amedronta. Nós nos perguntamos: Quem sou eu para ser brilhante, fantástica, talentosa e fabulosa? Na verdade, quem é você para não sê-lo? Você é filha de Deus. Ser menos do que se é não ajuda o mundo. Não há nada de enlevado em encolher-se a fim de que os outros não se sintam inseguros em relação a você. Fomos feitos para brilhar, como as crianças o são. Nascemos para manifestar a gloria de Deus que está dentro de cada uma de nós. E quando permitirmos que a nossa própria luz brilhe, inconscientemente damos permissão para que outras pessoas façam o mesmo. Quando nos liberamos do nosso medo, a nossa presença automaticamente libera os outros também”.

(A Return to Love: Reflections on the Principles of a Course in Miracles – or Marianne Williamson)

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