Motorista de táxi – ELA

Não sei quanto de verdade tem essa história.
Me foi contada por um motorista de táxi e depois pela moça que andou no táxi com ele.
A cidade é o Rio de Janeiro. A noite, uma quinta feira qualquer. A balada,  na Lapa.

ELA

Estou tontona. Não tô conseguindo chegar ali pra pegar aquele cara.  Vou ao banheiro, lá eu consigo uma paradinha.

Vai pra casa neném! Gritou alguém pra ela. Hoje já deu!

Já deu mesmo. Odeio quando me rejeitam, fingem que não estou aqui. Será que sou mesmo esse bicho? O cara me empurrou quando fingi que estava cochilando no sofá. Fez cara de nojo. Ou não fez, sei lá. Queria que ele me desse colo, ou me abraçasse… Ficou foi muito puto. Só queria um carinho, cara, nem sei o que queria. Tô carente, por que me sinto assim, esse buraco sem fundo em meu estômago. Ou é no coração? Não sei onde é.

Fui trocada. Ele me trocou por uma a mais, mais o quê que eu? Nunca me senti assim, largada: “moça largada, abandonada, mal-amada, rejeitada, enciumada, procura” – procura o quê, ou quem? Esse anúncio vou por no poste da rua, e no jornal, e no Instagram, face, tudo! – “Procura por aquele que a deixou, que não consegue esquecer, aquele ingrato, sacana, filho da puta!” Mãe Joana traz seu amor de volta em duas semanas! Tá ali, ó escrito no poste, vou lá.

Meu estômago tá embrulhado mas não é do porre, é de dor, dor de ciúme, de imaginar ele na cama com outra falando coisas que nunca falou pra mim. Pelo amor de Deus, quero a minha mãe!

Táxi!


Me leva pra casa, na Barra, me leva pra qualquer lugar, essa balada estava uma merda.

Esse cara parece gostoso, cheira bem. Vou abrir o vidro. Oi gente feia, tão fazendo o quê na rua essa hora? Seus vagabundos. Para o carro moço, naquele bar ali, vou tomar uma saideira. Vai parar não? Vai contar pra mamãe, filho da puta?  Vou te sacanear, vai ter que me ver, me sentir, me apertar com força. Pescocinho bonitinho, bom pra uma cafungada! Não adianta gritar comigo não cara! Vou enfiar a mão por tua camisa, pegar seus biquinhos…apertar. Tá gostando né?! Tô molhadinha. Olha pras minhas coxas, estou pulando pra frente, não me empurra! Quase aí, vou te pegar, hum, tô vendo algo crescendo? Para de gritar “para”. Não vou parar, gostoso, agora não consigo mais parar.

Não me empurra, por favor, não me rejeite, me abrace, por favor, por favor. Me beija a boca com carinho, com amor, só isso. É pedir muito?

Olha ali minha casa. Passa reto, finge que não viu, me leva pro fim do mundo.

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *