PASSO 3 – PROGRAMA DOS DOZE PASSOS

TERCEIRO PASSO POR STELLA REBECCHI

TERCEIRO PASSO: Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus na forma que O concebíamos (e entendíamos)

Por Stella Rebecchi

Chegamos agora num passo que requer ação. 

“Deus na forma em que O concebíamos” é diferente para cada pessoa. Apesar de que, em minha opinião, querendo ou não, a maioria das pessoas, em alguma situação, coloca a mão na cabeça e fala, ai meu Deus, muitas dizem não acreditar em Deus. Mas o que nos interessa aqui, para seguirmos em frente em busca de nosso equilíbrio e sobriedade, podemos contar com um Deus na forma como O concebemos.

E podemos buscá-Lo independente de nossas crenças.

“Trago aos teus olhos cansados a visão de um mundo diferente; tão novo, luminoso e fresco, que tu te esquecerás da dor e do sofrimento que viste antes. No entanto, essa é uma visão que deves compartilhar como todos os que vires, pois ao contrário não a contemplarás. Essa dádiva vai fazê-la tua” A Course in Miracles

Perguntaram a um velho marinheiro o que é o vento, e ele respondeu: não sei, mas sei como usá-lo, e o faço do meu jeito. E o vento sopra para todos, mas como o espírito, o vento é percebido e utilizado diferentemente pelas pessoas.

Conto aqui um pedaço de minha história e como acabei por entregar minha vida. Fui criada na religião católica, em colégio de freiras, e vivia em uma espécie de desespero porque ninguém em minha família guardava domingos e festas. Pedia a Deus o qual eu acreditava, que não os deixasse morrer porque iriam para o inferno para sempre! Esse pesadelo durou muito tempo até que meu pai morreu quando eu tinha treze anos. E milagrosamente eu sabia que ele não iria para o inferno para sempre. Não sei o que aconteceu, mas em algum momento, Deus se revelou para esclarecer esse grande erro. Parei de sofrer por esse motivo. Cresci, mudei de colégio de freiras para outro colégio de freiras, dessa última  vez, religiosas muito mais modernas. Quando fiquei adulta, parei de ir à Igreja; frequentava outras religiões e filosofias que não falavam em Deus. Passei a beber de forma abusiva e percebia isso, mas não dava o braço a torcer e brigava com meu marido, o primeiro, quando ele reclamava. Quando nos separamos, bebi o dobro e achei que se mudasse de cidade, mudasse de ares, de hábitos e de gentes, conseguiria me controlar. Até aí achei que controlava minha vida e a bebida. Não pensei em ninguém em minha tomada de decisão, achando que já que iria só mudar para outro Estado, danem-se todos, volto logo! Até do trabalho belíssimo que tinha como instrumentadora cirúrgica, sumi sem dizer adeus.                                    

Era egoísta, manipuladora e orgulhosa.

Passaram-se anos, casei-me de novo, não voltei para minha terra. Bebi o triplo, fiz meus filhos sofrerem o pão que o Diabo amassou,  assim como minha família, meu marido, enfim, todos que me queriam bem eu joguei no lixo. Na verdade eu é que mais me batia e sofria. Meus filhos foram embora, meu marido foi embora, fui me dando conta que algo muito errado estava acontecendo comigo porque não queria beber daquele jeito, queria dominar, controlar, beber pouquinho e não conseguia. Começava e não parava até cair dura e dormir depois de ter feito monte de bobagens. Uma noite me dei conta de como minha vida estava. Não trabalhava, não produzia e nem criava, só não estava totalmente sozinha porque tinha um empregado, que também bebia, e dois cachorros fiéis.         

Nessa noite joguei pela janela latas e mais latas de cerveja, bebi uma garrafa de vinho branco, a qual também atirei pela janela (morava em casa e na frente era um terreno vazio), dei monte de telefonemas que, dia seguinte não lembrava pra quem, e finalizei minha noite com um grande gole no gargalo de vodca quente. Meu corpo encolheu e arrepiou. O cheiro da vodca me assustou. Subi as escadas de gatinhas tonta e cega por lágrimas de desespero, e no banheiro, meu corpo se encaixou entre o bidê e a privada. Não dá para traduzir o que senti. Era uma necessidade urgente de morte, ou melhor, socorro! Ali no chão frio, espremida, maltratada, envergonhada, vitimizada,  dei um urro de lá de dentro do meu peito, parecia um urro de urso muito ferido e chamei por Deus! Verdadeiramente chamei por Deus e disse: Pelo amor de Deus, Deus me acuda, me ajude a sair dessa. Já fiz de tudo e não consegui. Me entrego em Vossas mãos e seja o que o Senhor quiser!

Caí na cama e sumi do mundo. Acordei com a cara mais limpa e saudável, não dava para acreditar. Leve, bonita ao espelho. Coloquei um macacão branco, peguei o carro e fui direto para Alcoólicos Anônimos,  mesmo cheia de preconceitos. Entendi que havia alguém ou alguma força me dirigindo, me encaminhando, me dando força e decisão. Desde esse dia , nunca mais coloquei alguma bebida com álcool na boca .Isso foi em 1986.  

Essa foi minha entrega, me rendi e me entreguei passando a voltar a acreditar num Poder Superior, em Deus e que não estou sozinha.

TERCEIRO PASSO POR STELLA REBECCHI
TERCEIRO PASSO POR STELLA REBECCHI

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