PASSO 5 – PROGRAMA DOS DOZE PASSOS

Quinto passo por Stella Rebecchi

Quinto passo por Stella Rebecchi

Quinto Passo por Stella Rebecchi

QUINTO PASSO: Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

Por Stella Rebecchi
A única forma de terminar o quarto passo é marcar o quinto. Tarefa difícil visto que o quarto passo é escrito e nem sempre o que escrevemos, gostamos. Muito menos pode ser fiel a quem somos. Mas já é um bom começo. Pode ser incompleto, pobre, não importa. A cada vez que o repetimos, mais próximos ficamos de nós. Não é o que sabemos ou não sabemos que dificulta nossa recuperação, seja química ou qualquer outra. (No atual momento têm aparecido várias pessoas, mulheres e homens com dependência emocional). O que dificulta é o que pensamos ser a verdade, a realidade. É a finalidade do Quinto Passo colocar nossas percepções e nossos pensamentos do momento, dentro da realidade. “Duas pessoas podem viver juntas ou conversar por muitos anos, mas nunca realmente se encontrar” (Mary Catherwood). Fácil conversar, tagarelar, fofocar, mas isso não assegura auto-revelação, não mostra o que realmente existe dentro de cada pessoa.” Conhecer um ao outro só pode ser fomentado abrindo-se a alma” (John E. Burns)
Precisamos ser conhecidos por outra pessoa. Revelar nossos sentimentos, acontecimentos, nossos medos e vergonhas a uma pessoa. Esse ato de auto-revelação faz com que nos confrontemos. E dessa forma, percebemos que essa pessoa secreta que está dentro de nós, coloca uma lente de aumento nos fatos, revelando tudo muito maior do que a realidade.  Conversar e se abrir com outra pessoa, revela a ambos uma nova realidade sobre a vida. E que não existe nenhuma novidade, tudo já foi feito, dito, sentido por outras pessoas. Não somos exclusivos. E quando o outro revela que conhece bem aquele problema, que já aconteceu com ele, ou com ela, a tendência é ficarmos de boca aberta, aturdidos, dizendo: é mesmo?! Sempre temos a tendência, quando não estamos de ego inchado, a achar que fizemos o pior.  E o Quinto Passo revela que somos humanos, imperfeitos, ambivalentes, imaturos, inacabados…
Quando era pequena, frequentava colégio de freiras. Era pra lá de piedosa e confessava e comungava toda semana. Normalmente eu não tinha muito a dizer ao padre, mas quando achava que tinha feito “algo terrível”, enquanto não me confessasse, não falasse o que tinha feito, mesmo morrendo de vergonha, não tinha sossego. E assim que ele me dava o perdão e a penitência, eu voava livre e feliz que nem uma gaivota. Respirava por inteiro novamente.Hoje não me confesso a um padre, no máximo conversamos, mas sempre tive uma terapeuta e uma amiga. Pessoas a quem posso confiar que, que, em alguma hora de desentendimento, não vá usar “minhas confissões” para me detonar. Normalmente converso com mais de uma, dependendo do assunto.  Sempre enfatizo que se tome muito cuidado na escolha de quem será o ouvido de seu Quinto Passo. Em AA sugerem os padrinhos, mesmo assim há que ter cuidado. Pode ser um terapeuta, um médico, um pastor, um monge, não importa. Mas, por favor, não vá convidar para esse Passo, a mulher, o marido, o amante, filhos, pais!
Não há nada mais libertador que colocar pra fora nossos segredos.  Nada que nos engrandeça mais, nos leve adiante sem carregar um saco de pedras nas costas. Mesmo segredos do passado já revelados, mas nunca trabalhados e limpos. Somos espíritos viajantes aprendendo, evoluindo sendo humanos. Se queremos curar nossas almas, afastar nossas dependência ter uma vida plena e satisfatória, sem a vibração, a nuvem negra da culpa, da vergonha, o Quarto e o Quinto Passo, mesmo parecendo os mais duros e difíceis, são o caminho. Sem eles, é difícil dar prosseguimento aos outros e manter esse projeto.
“Miserere”, misericórdia, piedade por nós!

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