Somos todos dependentes

Não tem jeito, somos todos dependentes. É essência do nosso ser como humanos, é parte do nosso âmago, não é algo que possa ser repudiado. Estamos ligados, somos parte de um universo que está tentando se entender.

“A dependência é o desejo por uma experiência ou objeto que nos faz sentir bem. Ela é uma coisa fundamentalmente humana, afeta a todos nós”, diz Dr. Andrew Weil, pioneiro da medicina integrativa, cuidados com a saúde que englobam corpo, mente e espírito.

E quantas dependências temos! Da mais comum às mais complicadas e difíceis de conter. Por mais que a ciência estude e tente comprovar o contrário, A DEPENDÊNCIA NÃO TEM CURA, mas pode ser controlada.

Nas filosofias espirituais orientais, principalmente no Budismo, a dependência é diretamente relacionada à ansiedade: a primeira Nobre Verdade de Buda explica que a vida é de alguma maneira incompleta e não preenchida, assim em tudo que fazemos há alguma coisa faltando; e na segunda Nobre Verdade, Buda diz que a causa desse vazio é a ânsia- ansiedade-compulsão.

Pela School of Life, organização global dedicada ao desenvolvimento da inteligência emocional, a dependência maníaca de algo é qualquer coisa que fazemos para manter longe nossos pensamentos inquietantes e obscuros, os nossos vazios, evitando o confronto com o conteúdo de nossas mentes e o olhar para nós mesmos, para nos conhecermos o mais profundamente possível. Somos cheios de pensamentos e sentimentos que estamos desesperados para não pensar nem sentir. Uma quantidade infinita deles que nos provocam raiva, tristeza, impotência, ansiedade, e é preciso de muita, mas muita coragem para enfrentar. A dependência maníaca é o próprio vício, são as compulsões.

Para citar alguns exemplos, na nossa sociedade há compulsões por compras, comidas, açúcar, sal, cafeína, jogos, internet, álcool, cocaína, crack, heroína (e mais uma porção de outras drogas pesadas); compulsão por sexo, cinema, cultura, noticiários de TV e jornal, dívidas, celular, tabaco, cannabis, cirurgias plásticas e outros procedimentos para rejuvenescer, tatuagens, e até compulsão por pensar! Tudo isso traz desconforto, tristeza, culpa, angústia…

Entre os vícios mais comuns da humanidade está o alcoolismo, doença que tem que ser tratada como tal. A OMS (Organização Mundial da Saúde) a reconhece desde 1967 e recomenda que as autoridades encarem o assunto como questão de saúde pública. Dizem ser uma doença comportamental, física, mental – e eu acrescento espiritual, como muitos acreditam. Aos poucos, falarei mais sobre isso no blog. Há muitos pontos a explorar sobre o alcoolismo.

POR HOJE, PENSO QUE EM TRÊS PONTOS PARA REFLETIR E ATITUDES PARA TOMAR COM RELAÇÃO ÀS DEPENDÊNCIAS:

Estar alerta para não enveredar por caminhos que são mais destrutivos do que a própria compulsão. 
Por exemplo, para conter a ansiedade usar medicamentos sem assistência médica, recorrer ao álcool ou às drogas para amenizar a ansiedade. Isto é trocar uma compulsão por outra, o que pode levar para os mesmos mecanismos da compulsão primária.

Tentar entrar na raiz do seu desejo. 
Para isso, só existe um caminho: o do autoconhecimento. Não é uma jornada fácil e ninguém disse que a vida é fácil! É preciso ter ajuda, de preferência profissional, de terapeutas que podem ser de diversas áreas e que dão suporte às emoções da pessoa que quer mergulhar fundo na aventura de se conhecer. Florais, fitoterápicos, meditação, Reiki, Deeksha, massagens, terapias breves, terapias corporais, yoga… são ótimos complementos desse trabalho. Livros de autoajuda valem a pena, mas procure saber mais sobre o autor, não perca seu tempo com receitas superficiais que servem para todo mundo. Também acho fundamental conhecer os Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos, o caminho mais rápido para o autoconhecimento e a espiritualidade, seja qual for a compulsão de cada um.

Considerar a importância da espiritualidade para o seu processo de crescimento, o que não tem nada a ver com religiosidade.
Uma pessoa espiritualizada pouco a pouco vai entendendo suas ações e reações; aprende a não se ferir e nem ferir ninguém; tem amor e misericórdia por si e pelos outros; consegue sair do “eu” para entrar no “nós”. Procura ser melhor porque percebe que é espírito e que seu espírito está numa condição passageira como humano. E, sendo humano, tem seu lado mais feio e seu lado bonito, luz e sombra.

E por aí vai…
Há muito o que refletir e escrever sobre cada trecho acima.

Que tal continuarmos juntos nessa troca?
Gostaria de bater um papo?
Comente aqui ou me envie um email para conversecomstella@gmail.com

Com carinho,
Stella Mar