Uma vida sem amor próprio

Olá Stella, tudo bem?

Desculpe a história longa, mas acho necessário para você poder me ajudar.

Meu nome é Leila, tenho 30 anos, sou casada há 10. Temos dois filhos pequenos e uma vida bem simples, no interior do Rio de Janeiro. Nosso dia a dia é muito atribulado, pois não podemos arcar com empregada e babá. Meu marido sai de casa muito cedo e volta na hora do jantar. Eu sou professora de uma plataforma de ensino à distância e tenho privilégio de não precisar sair de casa, mas consigo trabalhar, no máximo, de 5h a 6h por dia, por causa dos filhos e das tarefas domésticas.

Sou uma ótima profissional, mas pago um preço alto por assumir muito mais trabalho do que minha saúde poderia aguentar, e querer que tudo saia perfeito, de preferência. Estou bem acima do peso, sou extremamente ansiosa, me culpo por tudo que sai do planejado. Minha vida gira em torno do fazer pelo outro. Durmo pouco, como mal, não me exercito, não me permito ter tempo livre, descansar, sair com os amigos e tudo o mais que dá um certo equilíbrio na vida, por isso estou sempre irritada, esgotada.

Tenho clareza de muita coisa, mas não consigo dar um passo que seja e perseverar nele, para começar a mudar essa situação. Só reclamo. Meu casamento está sofrendo muito com isso e tenho medo de perder meu companheiro, que é um homem admirável, embora tenha lá seus defeitos também e pudesse dividir um pouco mais as tarefas comigo… Meus filhos sentem que sou um fio desencapado e tenho a impressão que as doenças que vivem aparecendo lá em casa são resultado dessa falta de leveza que fica sempre no ar.

O que faço, Stella? Como conseguir forças e tempo para me cuidar no meio dessa vida tão atribulada e sem dinheiro pra nada que não seja o essencial?

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Olá Leila,

Comecei este blog porque depois destes 71 anos vividos e desfrutados e já com alguma coisa apreendida, me sinto na obrigação de ser útil, mostrando que tudo pode ser diferente e mais leve. Quero que entenda que não acredito em verdade absoluta e nem preciso ter razão. Aliás, uma boa frase que deveria ser colada no espelho ou na geladeira! Evita muitas discussões.

Bem, tenho um lema que aprendi há muitos anos numa irmandade, que pode parecer egoísmo, mas não é, de verdade: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu também. Se eu não estiver bem, como posso cuidar dos outros, da casa, do casamento, do trabalho? Ansiosa, se sentindo culpada sem ser culpada, feia, sem estímulo, tesão zero, e tudo o mais que me escreveu?

A primeira coisa que deve fazer é olhar para si, em momentos de reflexão e silêncio e se perguntar: “O que quero da vida realmente? O que é prioridade para mim? E o que posso eliminar que facilitará minha correria?”. Não olhe para si como uma barriga ou qualquer outra parte do corpo que não goste, você não é isso. Olhe com compaixão e misericórdia por você. No silêncio, antes de cair dura na cama, ou em outro momento (será que não há uma horinha pra você no fim de semana, que seja?), preste atenção no que vem de dentro. “Quem é essa pessoa?” E você vai começar, veja bem, começar a conhecer essa criatura luminosa que mora dentro do seu corpo cansado, exaurido, insatisfeito.

Podemos continuar a conversar, se quiser. Teria muito a lhe dizer, algumas sugestões bem importantes para poder tornar sua vida mais alegre, relaxada, rigolô!

Conte comigo! Estou aqui.
Stella Mar
conversecomstella@gmail.com

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