Minha escrita é nas paredes

[vc_row][vc_column width=”1/2″][us_single_image image=”303″ align=”center”][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]Minha escrita é nas paredes
No espelho embaçado
No chão de terra fofa.
No papel escrevo também, quando tem
até no teclado de alguém.

Escrevo
Dias sim, noites não,
Na festa, no sol, na neblina (tiraria uma foto agora )
Até dar câimbras.

Não sei bem quem sou (até hoje), sei que um dia fui
E vou voltar a ser.

Engasgo com purpurina, outra hora com água benta
Me fantasio de Pomba Gira, e giro, giro
De vermelho, no terreiro.
Ao lado do macho, volto a ser bicho,  me assusto
Saiam, saiam
Oh íncubos predadores!
Sujam meu véu, minha mantilha de virgem
caio no chão, tenho vertigem.
Suada, salgada, malvada
me apoio na parede, suspiro,
mudo a fantasia, coloco um véu…
bonito, renda branca.

Escondo
o mundo de mim,
Não sinto dor do sentir (se sinto, transformo em pedra ou cristal)

Tantas pedras, tantas perdas…
perda da respiração, que perde a força,
a vontade, a razão.
Pedra no rim , pedra no coração.
Tantas pedras, tantas perdas.

Alguém  enfiou uma lâmina afiada no peito, não dói, arrepia.
Onde estão as paredes para escrever?

Nem papel, nem chão
Nem tenho meus pés no chão.
Olho a neblina, os contrastes de verdes enfumaçados
Embaçado meu enxergar, e daí?
Me transporto pra neblina
Respiro, sorrio, sorrio,
Respiro, de novo escrevo
estou feliz!

Stella Mar

Araras, 2015/ 2017[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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