“Sou carente e não sei dizer não”

Help!
Meu nome é Carmem, me meti numa encrenca e agora não estou conseguindo sair. Tenho claro na minha cabeça seguinte: sou carente e não sei dizer não. Também me sinto a bacana quando sou escolhida no meio de todas aquelas mulheres. Apesar que sou a “mais mais” mesmo nesse grupo da academia. Não sei se sou a mais jovem, tenho 42 anos, mas sou longe a que está mais em forma.  Mesmo assim… arranjo cada droga! E ainda tenho duas filhas controladoras.

O professor me chama o tempo inteiro para dançar com ele e eu vou toda feliz. As outras me olham com inveja!  E eu gosto! Nesse rebola daqui, rebola de lá, depois de muita onda, fui para a cama com ele. Claro! Estava na cara de todo mundo.  Só que não está  legal. Ele é mandão, possessivo, agressivo, sem educação e se acha meu dono. Liga a qualquer hora da madrugada, atrapalha meus compromissos. Só que ele é gostoso. Estou cheia de culpa e isso está me matando.

Ele é casado e conheço a esposa dele. E mais, não sei onde arranja dinheiro porque me leva para dançar, me leva aos melhores restaurantes de minha cidade. Tudo muito caro. E tem carrão! De onde vem essa grana? De professor de academia? Tem uma amiga que sabe desse rolo e diz que ele é gigolô. Isso me faz mal.

Quero sair dessa e não consigo. Aliás a frase que mais falo é não consigo. Quando acho que entendeu que não quero mais nada com ele, aparece de surpresa com presentes e flores, me seduzindo sem que eu consiga dizer não. Além do quê, é um tesão!

Me ajuda, me ajuda… tem alguma ideia? Tô toda enrolada, cheia de culpa, medo e sem vontade de terminar mesmo.

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Carmem, oi!
Não sei o quê está lhe deixando mais aflita, se é porque ele é casado, se é porque ostenta demais ou se é por seu comportamento possessivo, agressivo, sem educação, etc. Por todas essas “qualidades”, realmente só dançar bem e ser um tesão está pesando pouco manter essa relação que não lhe traz nenhuma alegria a não ser na cama.

Casos desse tipo só servem se não houver envolvimento emocional. Gostoso, divertido, mas nada que mereça continuidade. Dá e passa.  Raramente pensamos nas consequências de nossos atos. Não paramos para pensar no que isso pode dar. Queremos viver o hoje e o agora, tão falado e na moda, porém sem darmos cinco minutos para pensar nas consequências.

Não se martirize, como você há muitas outras na mesma situação. Posso estar enganada, mas o que a leva para uma situação como essa me parece uma receita de bolo infalível: baixa estima com carência! Misturada com uma pitada de atenção e olhar número 46 que lhe faz parecer ser a escolhida no meio de todas, mais o fogo alto do tesão, bum! Explode o bom senso, voa para o espaço o controle, entra o que se dane” e sobra uma manhã seguinte de ressaca moral e até física, para atormentar e acabar com seu dia. Para começar tudo de novo na próxima aula ou mensagem.

Não lhe conheço, mas conheço casos iguais, portanto, se eu estiver errada, nem continue a ler. Digo sempre que não preciso ter razão e não sou dona da verdade. Se quiser continuar, vamos lá.

Talvez você se ame muito pouco e tem medo de ficar sozinha. Tem medo de ser rejeitada. Medo da vida. Quem não tem? Mas sabe que tem um tipo de homem que não vai te rejeitar. Normalmente são os mais moços, que você vira mãe, ou os mais complicados, sem educação ou cuidado, como esse professor. Não quero julgá-lo, mas se ele fosse mais positivo, não estaria escrevendo para mim!

Linda, que tal começar a fazer uma listinha de suas qualidades e do que já passou na vida? Bem basiquinho. Seus ganhos, conquistas, trabalho, amores, casamentos, casos, momentos de muita alegria com amigos, familiares, a maternidade. Pode seguir esta ordem. Pegue fotos. Ou faça mentalmente um álbum de fotografias. Mas só das coisas boas. Não precisa ser um grande evento, momentos, sentimentos mesmo os mais rápidos, junte tudo. Escrever é milagroso. E o milagre acontece quando conseguimos escrever, deixar o “eu não consigo” (dê uma figura para ele) fora de seu ambiente de escrita, junto com a negação e a preguiça. Todos sentadinhos comportadamente longe de você.  E escreva.  Vai descobrir que não é porque um dia disseram para você, criança, que não era muito capaz, tonta ou qualquer outra palavra que a diminuísse, que você hoje seja isso, ou mesmo que era. Deu para entender?

Você é adulta, um ser de luz, humana, com muito a aprender, errar, acertar e que deve ter compaixão e misericórdia por si. Compaixão e misericórdia, entendeu?  Escolher o quê e quem lhe fará bem e lhe dará chance de aprender e evoluir. Jamais o que seja menor, que lhe fará mal, tanto para a sua saúde, como para seu emocional e sua espiritualidade.

Isso é só o começo. Pode voltar a escrever para mim. Minha felicidade depende de ser útil. Por isso para mim, você é muito importante!

Stella Mar
conversecomstella@gmail.com

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