Vamos falar de relacionamentos?

Por Stella Rebecchi

Não há nada que já não tenha sido falado sobre relacionamentos. Batido? Nada a acrescentar se não quisermos buscar formas melhores de nos relacionar. Todos querem se relacionar. Você não? A não ser alguns, solitários por natureza, que preferem o isolamento, o silêncio e se abastecem do conhecimento, da arte, da reflexão.

Relacionamentos são vários: familiares, amizade, marido- mulher, amantes, professor- aluno, médico-pacientes, patrão- empregado, humanos- animais e outros mais. Existem os relacionamentos doentios, tóxicos, destrutivos, vampiros, dependentes. Perdão, ternura, interesse, sexo. Ingredientes fundamentais.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês criou uma tese para justificar a instabilidade dos relacionamentos amorosos: Relacionamento líquido não é para durar, nada é sólido. Não estão interessados em dar um tempo para abrandar, condensar, solidificar de maneira estável para uma permanência.

Com a rapidez do tempo, os relacionamentos são instáveis, e nos “desconectamos” ao menor sinal de dificuldade ou insatisfação. Difícil manter um relacionamento a longo prazo.A qualquer problema, até probleminha, não queremos conversar, verificar, ir mais fundo, pesquisar. Perturbou? Trocamos por uma versão mais atualizada. E assim, vamos de versões em versões cada vez mais atualizadas, e no fundo só muda a cor, o cheiro, a forma, e são cada vez mais perigosas, porquê sabemos, mas não queremos perceber, que o final disso tudo é se tornar blasé.
Cada vez mais críticos seletivos sem ter a quem selecionar, de olhos virados e muxoxos, cheios da vida. Atenção para a chegada do desânimo, tristeza profunda, frustração, depressão, somatizações, vícios e morte. Está brincando? Estão acontecendo cada vez mais suicídios entre pessoas muito jovens, não só levados pelas drogas mas sim por um total saco cheio da vida, depressão e pouco percebidas pelas pessoas ao redor. Falta de relacionamentos profundos, acolhimento, interesse genuíno na outra pessoa. Sabemos que a poluição, o tal do aquecimento global, está nos trazendo problemas gigantescos e vai piorar até nos trazer o inferno na Terra. O que fazemos individualmente para evitar? Quase nada. Sabemos, mas não queremos acreditar… eu não posso fazer nada, vamos morrer antes…

Onde ficou o romantismo, aquele do beijo suave antes, com sentimento, o roçar de leve, o arrepio de cima em baixo, o sexo lento, depois menos lento, alucinando aos poucos? Onde ficou o verdadeiro interesse em aprender a fazer amor com tudo nele contido? A palavra que me vem é: Plástico. Tudo parece de plástico cada vez mais ordinário e mole que nem as garrafinhas de água de hoje. Ordinárias e descartáveis. Muita pena. Porque é muito prazeroso quando lento, real, sentido, mesmo que seja até só por atração visual, porque esta cria uma vibração quente quando permitimos nos entregar com a real presença e qualidade. Nesse tipo de relacionamento, todos deveriam ler sobre a Arte Erótica Japonesa! Ainda há tempo!
Sobre os outros tipos de relacionamentos, ficará para a próxima vez! Agora tenho que me relacionar muito bem com minha nora, minha assistente doméstica, meu marido, meu cachorro e mais tarde, sair um pouco de eu e ter um olhar mais profundo e interessado para aquele fulano que fica pedindo dinheiro diariamente numa esquina do Leblon.. É real ou fake?!
Por Stella Rebecchi

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