Coragem

Coragem

CORAGEM

Essa palavra vem do latim, coraticum, derivado de cor, “coração”.

Por Stella Rebecchi

Ser corajoso é viver com o coração.Sem medo, ou temor, conseguimos ir mais além.  Não é a ausência do medo, e sim a ação, apesar deste. É uma energia moral, firmeza para enfrentar uma situação difícil. Todos podemos ter, porém, temos que ter vontade, querer. Insisto muito na vontade, na decisão. Sem ela nos enfraquecemos e rapidamente mudamos de ideia. Principalmente se tem gente falando o contrário aos nossos ouvidos e nossa decisão ainda não está tomada, está fraca. As cabeças mais fracas vivem só na cabeça e não no coração! Têm mais receio e criam uma segurança baseada na lógica e aí, parece que uma avalanche de desânimo, pessimismo, medo toma conta. E levam à paralisia.

O caminho do coração é o caminho da coragem. Coragem é o que necessitamos hoje e sempre para nos enfrentarmos (sim, somos nosso próprio perigo) e aos embates do cotidiano.

O cotidiano é viver na insegurança, no súbito,na  finitude, na impermanência ,no desconhecido. Aceitar que a vida não é uma Disneylandândia, que não viemos fazer turismo, e que qualquer tipo de perigo está o tempo todo presente.  Porém, o coração está sempre pronto a enfrentar riscos, vai em frente com determinação. Tem confiança e fé e daí, nasce a coragem.

Coragem
Coragem por Stella Rebecchi

 

Não queria falar de SUICIDIO, mas é o tema do mês, triste, assustador. Antigamente eu ouvia falar nos meninos japoneses e chineses, que eram tão cobrados e não podiam ter nenhum tipo de embaraço em suas performances. Por não serem aceitos por seus erros mais banais e normais, preferiam morrer a serem alvos da vergonha familiar. Até hoje esse índice é alto e inclui muitas mulheres das áreas rurais.  “Já os guerreiros japoneses cometiam o” seppuku” como ato de coragem. Nesse caso não era suicídio e sim autocondenação à morte, por uma questão de honra.

Nos dias de hoje muitos jovens e idosos também, veem cometendo o suicídio pelos mais diversos motivos. Nos Estados Unidos é a segunda ou terceira principal causa de morte entre os adolescentes. Muitos dos grupos LBG já tentaram acabar com a vida numa proporção inacreditável e absurda. O uso de drogas e a depressão são um dos maiores motivos. Solidão dos velhos, pouco vista por familiares e vizinhos.  O bullying, acabando com a segurança e autoestima de muitos e muitos jovens. Uma crueldade.  O medo do futuro ( e do presente)  quando , sob abuso  de álcool , ou qualquer tipo de drogas  pesadas, se torna insuportável. A constatação de  algumas pessoas  de sua realidade e da realidade  do mundo, não tendo  nenhuma esperança de dias melhores, acham que a solução é acabar com a vida.  Às vezes o fazem por impulso.  Também pessoas com problemas de bipolaridade, esquizofrenia, perturbações mentais, são mais fragilizadas e suas escolhas são levadas por um estado de desequilibro, acabam por achar que a morte é a solução mais simples para acabar com sua dor e sofrimento.

Quando era jovem, tive herpes zoster no rosto e por todo lado na cabeça. Não havia vacina ou remédios que pudessem amenizar as dores que eram insuportáveis. Nessa ocasião, pedi muito para morrer, não achava que suportaria mais nem um segundo aquela dor que nem morfina dava jeito. Só pensava, de verdade, em morrer. Nem minha boa vida, nem meu filho pequeno me tiravam desse pensamento.

Meus netos tiveram notícia de um colega próximo, com dezessete anos, ter se atirado do prédio onde morava. Ficaram chocados  e impressionados. Menino bonito, com ótima situação financeira, rodeados de amigos. Família aparentemente  estruturada. Usuário de alguma droga? Não me disseram.  Tinha vida boa, com tudo de material, barriga cheia, formosura, inteligência, notas normais. Não aparentava revolta ou distúrbios de comportamento. Medo de alguma situação?  Vergonha de alguma coisa que não achava de acordo com ele ou com a sociedade?   Pode ser. Nunca saberemos.  Na ocasião, foram dois colegas que acabaram se atirando. Muito triste.  Ficamos pensando se a família não percebeu algum comportamento diferente, se olhavam para ele, se  tinham interesse verdadeiro nesse  filho,  se havia um diálogo normal entre os pais e irmãos, se havia amor.

O suicida não tem coragem de enfrentar as vicissitudes da vida. Na maioria das vezes não tem nada a ver com as coisas exteriores como beleza, conforto, riqueza. São sentimentos mais profundos, incompreendidos, às vezes assustadores. Parece que perdem o controle das coisas, perdem a segurança, perdem o sentido da vida.

Falta fé, falta confiança, segurança, autoconhecimento, tudo que encobre a percepção de seu verdadeiro EU.  Não é fácil ter fé e confiança. Principalmente a confiança em si.

“Confie e trabalhe incansavelmente pela solução de seus problemas” (Ernance Dufaux)

Antes das batalhas, pare, respire profundamente, converse consigo mesmo, pense duas, três vezes, espere passar o pior momento, busque a força na Fonte, em seu Eu Superior, Deus, porque dessa forma encontrará as melhores possibilidades de cuidar de você. Difícil?            Sim, mas não impossível.

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